Dourados, 16 de Julho de 2025

BARBOSINHA NA MONTARIA E O RECADO DOS BASTIDORES: O PSDB QUER, MESMO, SARNA PARA SE COÇAR?
BARBOSINHA NA MONTARIA E O RECADO DOS BASTIDORES: O PSDB QUER, MESMO, SARNA PARA SE COÇAR?
BARBOSINHA NA MONTARIA E O RECADO DOS BASTIDORES: O PSDB QUER, MESMO, SARNA PARA SE COÇAR?

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“Mas atual impossível, esta foto.” Assim mesmo, seca e carregada de ironia, chegou à redação do ContrapontoMS a imagem que circula como rastilho de pólvora entre políticos e formadores de opinião de Mato Grosso do Sul. A origem? O entorno de Eduardo Riedel. Ou seja: não é coisa de fofoqueiro de esquina, mas de gente que orbita diretamente o centro do poder.

A foto é quase cruel na simbologia. O vice-governador Barbosinha, sorridente e meio sem jeito, montado em um boi de cara fechada durante cavalgada em Glória de Dourados. Mais do que a cena bucólica, o que importa é o subtexto: a imagem foi distribuída não para celebrar um momento de interioridade, mas para alimentar uma leitura política. E a leitura é simples: o PSDB pode estar preparando o terreno para descartá-lo na chapa de 2026.

O VICE QUE SEGUROU A ONDA
A questão, porém, é que Barbosinha não é um vice qualquer. Foi ele quem aceitou o desafio, quando Riedel ainda era um nome tímido nas pesquisas e o projeto tucano parecia vacilar. Com seu perfil técnico e político consolidado, o então deputado garantiu musculatura à candidatura. Trouxe o peso eleitoral da Grande Dourados e ajudou a construir uma vitória que hoje permite ao governador navegar com relativa tranquilidade.

Tirá-lo do jogo, agora, é no mínimo temerário.

TUCANATO EM ALERTA
O gesto — ou melhor, o recado velado — incomoda mais pela forma do que pelo conteúdo. Não é de hoje que o poder estadual, seja qual for a sigla da vez, demonstra dificuldade para preservar quadros importantes quando as articulações de cúpula falam mais alto. O eleitor sul-mato-grossense, porém, tem memória afiada e já deu mostras de que reage mal a imposições vindas de cima para baixo. Figuras históricas como Pedro Pedrossian e Rachid Derzi, do tempo que antecedeu a incorporação dos tucanos à cena política, não escaparam da fúria das urnas quando movimentos bruscos ou desgastes de imagem abalaram suas trajetórias. O que dirá, então, agora, em tempos de redes sociais e impaciência generalizada.

O ex-governador Reinaldo Azambuja, mentor e grande fiador do atual governo, deveria ter isso em mente.

O establishment tucano, que articula o projeto de poder com olhos em 2026 e também no Senado, precisa medir com mais precisão os riscos de uma troca que pode soar como deslealdade política. Dourados — e o interior em geral — é sensível a esse tipo de sinalização.

CUIDADO COM O EFEITO BUMERANGUE
Não se trata apenas de proteger Barbosinha. Trata-se de preservar a própria narrativa de unidade e continuidade que sustentou a eleição e vem garantindo governabilidade.

Riedel, reconhecido pela eficiência administrativa, não parece ser o condutor dessa tentativa de queimação. Mas se não frear o ímpeto de seus áulicos e dos estrategistas tucanos mais afoitos, corre o risco de herdar um desgaste desnecessário. E, pior, transformar uma reeleição que se desenhava tranquila em campo minado.

Como lembrou em sua última crônica Dante Filho, um veterano do jornalismo estadual: agosto é o mês do desgosto. E pelo jeito, no PSDB, o vento já começa a soprar. De leve, é verdade. Mas no Mato Grosso do Sul, estado não só de tucano, mas também do tuiuiú, todo mundo sabe: quando venta no ninho, depois da queimada o temporal costuma vir forte.

Como, pelos espaços já ocupados por outros companheiros nesses anos em que exerce o papel de vice, seria hoje difícil para Barbosinha regressar à Assembleia — e ainda mais improvável sonhar com uma cadeira no Congresso Nacional — restam-lhe, realisticamente, duas saídas.

A primeira é aceitar, com a resignação dos derrotados ou dos que cansaram de lutar, uma dessas sinecuras sempre à disposição dos bem-relacionados, como as vagas disputadíssimas nos Tribunais de Contas, para onde correm as filas silenciosas do poder.

A segunda, bem mais ousada, é fazer-se de Barbosinha o Barbosão: erguer a voz, desafiar o establishment e, por que não, disputar a sucessão de Riedel. Afinal, perdido por um, perdido por mil. E como já ensinava a velha raposa da política: às vezes, é na briga que o líder se revela. Talvez seja hora de, finalmente, um douradense pegar o boi pelo chifre.

Fonte: Contraponto MS

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