O Partido dos Trabalhadores (PT) continuará na base de sustentação do governador Eduardo Riedel (PSDB) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Os deputados Pedro Kemp (PT) e Gleice Jane (PT) chegaram a defender a saída do partido da base de sustentação, mas em reunião da executiva estadual, o partido decidiu continuar.
Pela manhã, o deputado federal Vander Loubet (PT), principal articulador da aliança com Riedel, já havia sinalizado que a aliança da bancada federal com o governo de Luíz Inácio Lula da Silva (PT) pesaria na decisão.
“Temos companheiras e companheiros envolvidos diretamente na gestão estadual e boa parte dos parlamentares do partido do governador no Congresso Nacional tem votado de forma favorável ao governo Lula. Essa conexão exige uma interlocução estratégica e responsável, tanto em Mato Grosso do Sul quanto junto ao Governo Federal. Estou comprometido em liderar esse diálogo, buscando garantir que nossas decisões sejam coerentes com os interesses da sociedade e com os princípios democráticos que defendemos”, justificou.
Nesta tarde, o PT divulgou uma nota assinada pelo presidente, Vladimir Ferreira. Na nota não há menção a possível saída da base. Questionando pela reportagem, Vladimir disse que, por enquanto, o partido segue na base.
Abaixo a nota divulgada pela Executiva Estadual do PT
A Executiva Estadual do PT reunida nesta segunda-feira, 07/04/2025, com a presença da Bancada de Deputados e Deputadas Estaduais e Federais, vem a público manifestar sua total oposição a manifestação do Governador do Estado, Eduardo Riedel, em favor da anistia aos golpistas extremistas do dia 08 de janeiro de 2023. Dada à gravidade dos fatos, essa posição é inaceitável.
A direção do PT cobra coerência do Governador, tendo em vista que nas eleições de 2022, em respeito aos valores democráticos, à civilidade na política, contra o negacionismo e o extremismo, o PT apoiou Eduardo Riedel no segundo turno das eleições.
A extrema direita, para quem o Governador defende anistia, foi derrotada, e nos causa indignação essa manifestação de apoio. Acreditamos que é, no mínimo, incoerente para quem quer se apresentar como democrata e defensor da soberania popular expressa nas urnas.
Ao falar no caráter humanitário de um projeto de anistia, cobramos que esse sentimento esteja presente no respeito às comunidades indígenas e às famílias acampadas, que rotineiramente são tratadas com violência por reivindicarem seus direitos à terra, à água e à vida.
Quanto a obrigação do Congresso em votar um projeto de anistia (rejeitado por 62% do povo brasileiro), entendemos que existem pautas mais urgentes e necessárias, como, por exemplo, a isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais e a cobrança justa do imposto dos milionários. É isso que o povo espera do Congresso com o apoio dos governadores.
É verdade, quando o Governador diz que, “ Não dá para errar de novo e no mesmo lugar”, porque o Brasil já cometeu o erro de aprovar uma anistia que perdoou os crimes cometidos pelos militares após o Golpe de 1964, que prendeu, torturou e matou cidadãos brasileiros. Tal fato, permitiu que os golpistas do dia 08 de Janeiro de 2023 fizessem o que fizeram, imaginando que mais uma vez sairiam impunes. Sendo assim, uma nova Anistia é errar novamente no mesmo lugar.
Desta forma, o PT de Mato Grosso do Sul reafirma o seu compromisso histórico e programático com a democracia, e qualquer caminho que não aponte para esse objetivo não contará com nosso apoio.
As consequentes medidas políticas decorrentes dessa nossa posição serão tomadas em consonância com nossa base partidária, a Direção Nacional do PT e o núcleo político do Governo Lula, levando em conta nossa prioridade de reelegermos o nosso projeto nacional, com ampliação das nossas bancadas e a conquista de uma das vagas ao senado.