Site de turismo lista 15 destinos famosos para não serem visitados em 2025; Veneza, na Itália, está na lista — Foto: Marco Bertorello/AFP.
Portal de turismo alerta sobre destinos sobrecarregados e comunidades impactadas. Lista inclui locais famosos como Bali, Monte Everest e Veneza. A pressão do turismo prejudica ambientes naturais e culturais, exigindo ação para sustentabilidade e preservação.
Janeiro se despede e fevereiro se aproxima, mas ainda há dias — ou quem sabe até semanas — para os turistas aproveitarem. Muitos dos destinos escolhidos pelos turistas, no entanto, acabam, mesmo com toda a beleza, não compensando o passeio por conta justamente da alta demanda. Pensando nisso, o portal Fodors criou uma lista de locais que, segundo a publicação, “estão entrando em colapso pelo peso de sua própria proeminência”.
Mesmo considerados pela Fodors como “deslumbrantes, intrigantes e culturalmente significativos”, esses locais — que compõem a “No List” — também acabam, por vezes, sendo uma dor de cabeça para os moradores locais, que têm suas prioridades negligenciadas por conta do investimento voltado prioritariamente para o turismo.
“Os destinos apresentados na No List merecem a fama e a adoração que recebem. Eles são dignos do seu tempo e dinheiro. No entanto, os inúmeros desafios que eles enfrentam são reais e urgentes”, explica a Fodors, que esclarece não defender “boicotes”. “Acreditamos que o primeiro passo para aliviar um problema é reconhecer que ele existe. A No List serve para destacar destinos onde o turismo está colocando pressões insustentáveis sobre a terra e as comunidades locais. E essas tensões precisam ser abordadas. Dessa forma, os destinos favoritos do mundo podem permanecer assim para a próxima geração.”
Locais são ‘dor de cabeça’ para moradores locais, que têm prioridades negligenciadas Veja abaixo quais os 15 destinos listados pela publicação e parte dos motivos para a escolha:
Bali, na Indonésia: O desenvolvimento rápido e descontrolado estimulado pelo turismo excessivo está invadindo os habitats naturais de Bali, erodindo sua herança ambiental e cultural e criando um “apocalipse plástico”. A indústria do turismo e o ambiente natural de Bali estão presos em uma relação frágil e circular: a economia de Bali prospera na hospitalidade, que depende da saúde de suas paisagens naturais.
Koh Samui, na Tailândia: O destino já retornou aos níveis de turismo pré-pandemia — 3,4 milhões de turistas chegaram no ano passado, e espera-se que os números aumentem de 10 a 20% em 2024. Com a estreia da nova temporada da popular série The White Lotus se aproximando, alguns se perguntam o quanto esses números aumentarão nos próximos anos. Especialistas temem que o aumento do tráfego irá agravar os problemas existentes na ilha. Atualmente, há 200 mil toneladas de resíduos em um aterro além da linha de visão de locais turísticos e vilas luxuosas, bem como um novo desenvolvimento rápido e frequentemente não regulamentado na encosta da montanha.
Monte Everest: O Everest, conhecido localmente como Sagarmatha, Chomolungma ou Qomolangma, é uma montanha sagrada para a comunidade Sherpa, mas o turismo excessivo está afetando negativamente as comunidades locais. Também está degradando o meio ambiente e arruinando as experiências dos viajantes. Estima-se que cerca de 30 toneladas de lixo e uma quantidade imensurável de fezes humanas estejam nas encostas do Everest e ainda mais na trilha para chegar lá. No geral, visitantes e trabalhadores geram 790 toneladas de lixo diariamente durante a alta temporada.
Agrigento, em Sicília, na Itália: A cidade está se preparando para ser a Capital Italiana da Cultura em 2025, o que provavelmente significará um aumento no número de visitantes. No entanto, a área está enfrentando uma grave crise hídrica que pode ser agravada ainda mais pelo aumento do turismo, e pode prejudicar irrevogavelmente seus tesouros culturais mais preciosos e punir seus moradores permanentes.
Ilhas Virgens Britânicas: Embora o turismo continue sendo um dos “dois pilares” da economia das Ilhas Virgens Britânicas, há preocupações crescentes de que o movimento atual pode não ser inteiramente interessante para o meio ambiente ou as pessoas que chamam as ilhas de lar. A ênfase no turismo de cruzeiros está mantendo o dinheiro dos turistas longe dos moradores, e a espera de 13 anos por um plano de turismo abrangente deixou os moradores locais céticos quanto às melhorias no desenvolvimento e na infraestrutura no horizonte.
Kerala, na Índia: O aumento do turismo exacerbou o impacto de desastres naturais, particularmente em áreas onde o desenvolvimento obstruiu os fluxos naturais de água e aumentou os riscos de deslizamentos de terra. Em 2023, o estado recebeu um recorde de 21,8 milhões de turistas nacionais e 649.057 visitantes estrangeiros – e as projeções para este ano mostram números ainda maiores.
Kyoto e Tóquio, no Japão: O termo “Kankō kōgai”, ou “poluição turística”, surgiu na mídia japonesa, capturando o crescente desconforto com a enxurrada de turistas estrangeiros.
Oaxaca, no México: O overtourism frequentemente se revela com o crescente ressentimento dos moradores em relação aos turistas. Os oaxaquenhos reclamam que sua cultura e costumes estão sendo comercializados, levando a grandes lacunas de riqueza e degradação ambiental.
North Coast 500, na Escócia: Um circuito extenso ao redor do país, a NC500, estabelecida em 2015, forma um circuito costeiro que passa pelas Terras Altas do Norte. O aumento na popularidade, porém, trouxe desvantagens significativas, do inconveniente ao totalmente repugnante. As estradas estão congestionadas com o tráfego, aumentando a frequência de acidentes e causando atrasos significativos para os moradores.
Barcelona, Maiorca e Ilhas Canárias, na Espanha: Moradores de Barcelona borrifaram visitantes desavisados com pistolas de água enquanto dezenas de milhares se reuniram em praias em Maiorca e nas Ilhas Canárias. O valor médio agora de aluguel subiu 68% na última década.
Veneza, na Itália: Multidões se reuniram na Piazzale Roma para protestar contra a futilidade de uma nova taxa de entrada para turistas de um dia. Os problemas locais fizeram com que a cidade figurasse na lista da Fodors também nos anos de 2018, 2023 e 2024.
Lisboa, em Portugal: Críticas decorrem de estimativa de que 60% das moradias em Lisboa sejam agora acomodações de férias, reduzindo o estoque de unidades de aluguel de longo prazo e aumentando os custos. A cidade perdeu aproximadamente 30% de sua população desde 2013.